Hoje há festa na minha aldeia
É festa por vários motivos
Todos os anos já la vão 27, que acordo com os estrondos dos foguetes a lembrar que é dia de Santa Luzia.
Mas, a parceira do lado, faz questão de me lembrar, nem que seja baixinho, para não despertar o sono, que foi neste dia que “juntamos os trapinhos”.
Ora como devem calcular, é impossível não assinalar ou eu não me lembrar deste dia, que por sinal até é, um dia, que gosto particularmente, porque esta festa de Santa Luzia, traz-me sempre boas recordações principalmente da minha meninice.
Por isso neste dia os motivos são muitos para haver FESTA.
Placa existente interior ..
“Mandou fazer esta capela excepto paredes a Ex. ma Srª. D. Virgínia Teixeira Ferreira e Viana em 1887”
A Capela de Nossa Senhora dos Remédios, actualmente mais conhecida por Capela de Santa Luzia, por ser aqui que se realiza a festa em sua honra.
A Marilia e a mãe também por lá passaram...
41º Encontro de Clássicos Além Corgo
O Sol raiava através da persiana entreaberta, pressupunha um dia fabuloso. Mal abri a porta, ouvi ao longe os sinos da torre da igreja de S. Dinis a anunciar alegremente a festa de S. Brás.
Aquele toque é inconfundível, imediatamente nos lembra canção do S. Brás, instintivamente acompanhada pelo compasso (toque) imposto pelos sinos.
A cantarolar lá fui eu tirar o clássico da garagem!
“Eu vou ao São Brás
de cu para a frente
Comprar uma gancha
Pr'á minha gente.”
Chegado ao largo do habitual encontro mensal, já por lá se encontravam alguns amigos com as suas fabulosas máquinas.
Ao longe o sino continuava a relembrar…
"Vamos ao São Brás,
de cú ao p'ra trás
Buscar uma Gancha
para o meu rapaz.”
Um interessante grupo vindo de Lamego fez-nos companhia
António da Costa Mercedes Benz 230 CE 1986
João Duarte Mini 1000 1977
Vitor Pinto Mercedes Benz 300D 1982
Em qualquer lado da cidade, os sons dos sinos continuavam a relembravam-nos o dia do Santo protector das gargantas.
“Vamos ao São Brás,
de cú ao p'ra frente
Buscar uma Gancha
p'ra minha gente".
De Vila Real compareceram pela primeira vez:
Sérgio Botelho Mini 1000 Special de Luxe Mk II
E a terminar o Citroen DS 21 do director do Jornal Noticias de Vila Real, Caseiro Marques e seus convidados.
Chegou o momento da ida ao São Brás – ou seja a festa das ganchas
Para esta ocasião, as confeitarias e particulares ainda fazem, as chamadas ganchas ou ganchinhas de São Brás (doce de açúcar em ponto de rebuçado, muito procurados pelas crianças e adultos).
Ao chegar à festa, encontramos as primeiras vendedeiras a vender as tradicionais ganchas do São Brás, junto à Camara Municipal.
Mas, e logo que o sino começa a tocar novamente nós replicamos …
Vamos ao São Brás
de cú ao p'ra trás
barriga p'ra frente
como a outra gente.
A Capela de S. Brás é na realidade a de Santo António, O Esquecido, construída em 1875 com as esmolas recolhidas pelo então sacristão da Sé. Nesse ano, a Igreja da Sé sofreu um incêndio e á única imagem que se salvou foi a de Santo António, que se encontra nesta capela.
A Capela de S. Brás encontra-se dentro do cemitério de S. Dinis como se pode ver na imagem de cima.
Contemporâneo da fundação da cidade, o interesse da pequena igreja de S. Dinis, de raiz romano-gótica reside no facto de ter sido a primeira paroquial de Vila Real. Ampliada e restaurada em finais do séc. XV, a capela-mor no interior apresenta interessantes azulejos do séc. XVI.
Ao lado, merece atenção a ermida de S. Brás, também contemporânea do nascimento da cidade.
A capela estava aberta e havia pessoas a fazer as suas orações ao santo protector cumprindo ou fazendo novas promessas de tagarelas afónicas, gargantas desafinadas, rouquidões tísicas, nós que não desatam, bocas abertas de espanto ou outros engaranhos orais.
“Eu vou ao São Brás
De cu para o lado
Comprar uma gancha
Pr'ó meu namorado.”
Visita agradável, que contribui dar a conhecer aos amigos que nos visitaram esta secular festa e para manter viva a tradição da nossa terra e da nossa gente.
Contudo, a tradição já não é o que era e torna-se cada vez mais raro ouvir alguém a cantar ou a dar a tradicional volta ao cemitério, às arrecuas, sem abrir a boca para não entrar enguiço.
Venda das ganchas junto da centenária taberna Baca Belha
Hoje dia 3 de Fevereiro, dia de S. Brás, os rapazes oferecem a gancha ás raparigas, no dia 13 de Dezembro, dia de Santa Luzia, as raparigas retribuem oferecendo o pito aos rapazes. .
Lenda esta que se transformou numa brincadeira de entre casais.
Como comentou Ricardo Almeida naquela Sexta-feira, 5 de Dezembro de 2008 no seu blog
Etnografia Transmontana
Cultura Material e Imaterial de Trás os Montes
“(…)procurando na Vila Velha a tão famosa gancha, guloseima em forma de báculo de bispo. Esta é conotada com o órgão sexual masculino que os rapazes oferecem às raparigas após estas lhe terem ofertado o pito e resulta do enrolamento de açúcar em ponto e enfeitada com uns papéis coloridos.”
http://etnografiatransmontana.blogspot.pt/2008/12/festa-de-so-brs-vila-real.html
A festa da minha aldeia, Santa Luzia - Vila Nova de Cima
Do avô para os netos
Num dos mais belos outeiros Vila-realenses, surge na vertente Oeste-Sudoeste uma das mais encantadoras aldeias transmontanas, Vila Nova.
Identificadas pela fisionomia do terreno, encontramos dois aglomerados populacionais, Vila Nova de Cima e Vila Nova de Baixo, cujas origens se perdem ao longo dos tempos, na antiga Vila Nova de Panoias. Actualmente quase indistintos, desenvolveram-se ao longo dos anos, pelos numerosos habitantes, atraídos pela amplitude da verdejante paisagem, convidativo sossego e saudável ar puro.
No alto da sua vistosa colina, encontra-se a capela de Nossa Senhora dos Remédios, local de recolhimento, encanto e mistério.
Em meados dos anos vinte, uma nova "filha" ocupará para sempre o coração deste povo, acolhendo-A estusiasticamente, numa alegria própria de tão solene acontecimento.
Como de costume os tradicionais festejos em honra de Santa Luzia, encontravam-se ao cuidado de uma comissão de festas composta por elementos das freguesias de Folhadela e Ermida.
Representada numa artística imagem, esculpida em pedra, com pouco mais de um metro, revelava com sobriedade as suas remotas origens. Com todo o seu esplendor e rara beleza, escutava todos os que se lhe dirigiam, principalmente aqueles que se encontram na eminência de perder a visão.
Próximo da casa do guarda da C.P., nas Penelas, encontra-se a sua capela, circundada pela linha de caminho de ferro e dissimulada num jardim de oliveiras, é local de encontro anual a 13 de Dezembro, para uma das mais solenes festividades religiosas.
Inúmeros peregrinos caminhavam entre os diversos socalcos, ao longo de estreitos e sinuosos caminhos, onde a irreverência da rapaziada, se confundida com a alegria e o cuidado dos adultos. Outros, experimentavam pela primeira vez a vertiginosa velocidade do comboio, numa memorável e quantas vezes, única viagem.
Campos desertos, um frio de enregelar, tudo e todos, aconselhando o calor do lar. Enquanto os dias aguardavam o solstício do Inverno e consequente aproximação das esperadas festividades.
O dia começara bem cedo principalmente para os mordomos que, tradicionalmente ao raiar do dia, abriam as portas, iniciando as tradicionais festividades. Por entre a penumbra do amanhecer surge a capela, altiva e misteriosa, como que a querer esconder o mistério que para sempre a envolverá. Perante o espanto e a surpresa geral, numerosos devotos, tomam conhecimento, estupefacto, enquanto observam atónito o insólito acontecimento:
- Porta arrombada e a constatação do inacreditável:
- Falta da sua venerada santa.
Várias foram as diligências então tomadas, mas o que é certo é que o mistério nunca se resolveu, contribuindo para as inúmeras histórias que ao longo dos anos alimentaram as mais diversas conversas.
Nos anos seguintes, Vila Nova e Ermida, passam a celebrar a efeméride, enquanto a primitiva capela se vai deteriorando, com o decorrer dos tempos.
Avô, conta mais uma história…
Filipe, Cristina, Mário e Emanuel Dinis,
Nené
Publicado no jornal de Folhadela no final do século passado.
Conto de Mário Rodrigues Diniz
No século XIX o culto a Santa Luzia também era realizado na igreja de Santo António, no Calvário, em Vila Real a par da romaria á capela de sua invocação em Penelas, localidade pertencente na época á freguesia de Folhadela e agora partilhada com a da Ermida.
Com a chegada do caminho-de-ferro a Vila Real a 1 de Abril de 1906, a Linha do Corgo passou a servir a capela na estação de Carrazedo. Naquele que foi o primeiro traçado de via estreita construído e explorado pelo Estado Português.
Hoje visitei pela primeira vez a velha capela de Santa Luzia nas Penelas que tanto o meu pai falava. Havia uma imagem da Santa, muito valiosa que foi roubada, embora houvesse gente que sabia do seu paradeiro, mas o que é certo . a Santa Luzia nunca mais apareceu e a capela hoje, encontra-se em ruínas.
Mosteiro de Santa Clara (século XVII)
Vila Real : Convento da Santa Clara
Edição : Ourivesaria Soares
O mosteiro de Santa Clara, da invocação de Nossa Senhora do Amparo, pertencia à Ordem das Clarissas, também chamadas Claristas, do nome da primeira freira professa, Santa Clara de Assis.
Foi seu instituidor o padre Jerónimo Rodrigues, cónego da colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães, abade de S. Miguel de Serzedo, e natural de Vila Real.
Segundo a inscrição que se encontrava gravada no interior da sua igreja, o mosteiro teria sido fundado e edificado em 1603. Ora, de acordo com a Rellação e outras fontes, a sua construção iniciou-se em 1602 e, em 1608, foi examinado pelas autoridades locais e considerado apto a receber as primeiras freiras.
Este convento localizava-se ao cimo do Campo do Tabolado, na rua do Carvalho, formando ângulo com a quelha dos Quinchorros.
Jerónimo Rodrigues, ao falecer, dotou o convento com 50 000 réis anuais e exarou no seu testamento uma escritura de instituição do padroado do mosteiro de Santa Clara, com 18 capítulos, os quais foram confirmados pelo arcebispo de Braga, e sentenciados, em 1609, pelo tribunal da Relação bracarense. Em 1721, o mosteiro tinha 65 religiosas a disposição do fundador, neste caso, tinha sido revogada por breves apostólicos -, e era seu padroeiro Francisco Botelho Monteiro de Lucena.
Em 1855, quando se encontrava habitado por uma só freira, esta casa religiosa passou ao Estado que, no mesmo ano, a cedeu às recolhidas de Nossa Senhora das Dores.
Por fim, em 1926, o mosteiro foi demolido para a construção do paço episcopal da diocese de Vila Real e do seminário de Santa Clara.
"Memórias de Vila Real", de Fernando de Sousa e Silva Gonçalves
Capela e
imagem de Santa Luzia em Vila Nova no dia da festa
Hino
Salve, salve, Luzia bendita,
Linda Estrela de intenso fulgor,
A guiar quem na terra milita
Pela paz, pelo bem, pelo amor
Castro lírio de intenso perfume,
Nos jardins lá do céu a brilhar
Tua vida em amor se resume
Virgem mártir de glória sem par.
Ó Virgem mártir
Santa Luzia
És nossa esperança,
Nossa Alegria.
Escuta as preces
Do povo teu
E vem guiar-nos
Da terra ao Céu
Ao Céu ao Céu
Não temeste no mundo a fogueira
Que o tirano a teus pés acendeu
Levantaste bem alto a bandeira
Da pureza, divino troféu.
Um milagre quis Deus que viesse
Demonstrar teu valor singular,
Virgem Mártir, escuta esta prece
Nos combates que iremos travar
Coro
Vila Nova 13 de Dezembro
Im
Verso da estampa de Santa Luzia
Pitos de Santa Luzia
"Santa Luzia e São Brás
fazem um par bem bonito
o santo oferece-lhe a gancha
a santa promete-lhe o pito"
No dia de Santa Luzia, 13 de Dezembro, em Vila Real, manda a tradição que as raparigas ofereçam o pito aos rapazes seus eleitos, para que no dia 3 de Fevereiro, na festa de São Brás, os rapazes, retribuam a oferta com a gancha.
Atenção, o pito é um bolo recheado de doce de abóbora e, a gancha um rebuçado em forma de báculo bispal.
Lenda do pito de Santa Luzia claudia |
E assim os Pitos de Santa Luzia foram lhe consagrados, e como tal testemunha a festa que ainda hoje, a 13 de Dezembro, na capela de Vila Nova de Cima e na Ermida, ainda mantém a tradição.
Pitos de Santa Luzia
- 150gr farinha de trigo
- 75gr Manteiga sem sal (à temperatura ambiente)
- Água
- Sal refinado
- Doce de abóbora
- Açúcar em pó
Amassar a farinha com a manteiga e uma pitada de sal, delicadamente.
Juntar um pouco de água e amassar. Ir juntando a água até a massa deixar de pegar e ficar algo consistente.
Deixar descansar entre 15 a 20 minutos.
Untar um tabuleiro com um pouco de manteiga e polvilhar com farinha.
Estender a massa numa mesa polvilhada com farinha e corte-as em quadrados com 10cm de lado. No centro dos quadrados coloque uma colher pequena de doce de abóbora. Dobre as pontas para o centro, unindo-as de forma a formar uma trouxa.
Leve a forno já quente, a 160ºC, durante 15 minutos.
Não tosta nem ganha cor.
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