1925 As provas de Tráz-os-Montes- Circuito de Trás-os-Montes
Rallye Nacional de Automóveis, Circuito de Tráz-os-Montes e Concurso de Elegância.
Nas fraldas da Serra do Marão e do Alvão e nas margens do Rio Corgo, a cerca de 450 metros de altitude encontramos Vila Real, num local com indícios de ter sido habitada desde o Paleolítico. Vestígios de povoamentos posteriores, Santuário Rupestre de Panóias, denúncia a presença de romanos, mas são as invasões bárbaras e principalmente as muçulmanas, que mais contribuíram para um despovoamento gradual, até ao séc. XII, com a outorga em 1096 o foral de Constantim de Panóias, pelo Conde D. Henrique.
A primitiva «vila» foi constituída pelo rei D. Dinis e, por isso, se diz «real».
Fundada em 1289, por foral concedido pelo rei D. Dinis , a pobra de Vila Real de Panóias, inicia a cidade de hoje.
Como povoação mais importante em Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real adquiriu o estatuto de capital de província e é nomeada sede do distrito em 1835.
Vila Real é elevada à categoria de cidade, a 20 de Julho de 1925.
O tradicional modo de estar e sentir do povo transmontano reflecte-se na forma de receber os amigos e visitantes, esquecendo rapidamente a ameaça intimidadora do velho ditado popular...“para cá do Marão ... mandam os que cá estão ”.
O primeiro automóvel Portugal surge em 1895, foi um Panhard & Levassor, comprado numa das viagens a Paris, o IV Conde de Avilez.
As importações continuaram e em 1900 foram introduzidos 13 automóveis,
em 1901 – 20
e em 1902 - 51 automóveis.
Em pleno reinado de Dom Carlos e no Domingo de 17 de Agosto de 1902, realizou-se no Hipódromo de Belém, a primeira corrida de automóveis em Portugal. Somente três carros presentes e o vencedor foi um Locomobile, movido a vapor e guiado pelo chauffeur americano H. S. Abott.
O primeiro automóvel a circular em Vila Real, segundo o historiador vila-realense Elísio Amaral Neves, no seu livro “Circuito Internacional de Vila Real Anos 30” … “ (acontecimento que o fotografo amador António Pinheiro de Azevedo Leite terá amplamente registado) terá sido visto por volta de 1902, numa das deslocações do seu proprietário para um dos concelho da região do Douro”, uma vez que Vila Real se situava num dos mais importantes eixos rodoviários de acesso, embora que sazonais para as Estancias Termais do Vidago e Pedras Salgadas e Chaves.
De 3 a 5 de Novembro de 1903 foi disputado o Circuito das Beiras, em três fases, com partida em Coimbra e chegada das etapas em Castelo Branco, Guarda e Coimbra.
O vencedor foi Tavares de Melo com um Darracq
A 1 de Abril de 1906, foi a hora da chegada a Vila Real do primeiro comboio, ou seja 25 anos após a Régua e de a pouco e pouco, o comboio retirar ao rio Douro e ao barco rabelo, o papel fundamental no abastecimento dos diversos produtos, as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia.
A Linha do Corgo, era uma das mais bonitas do nosso país, aí circulava o “Texas” nome pelo qual eram carinhosamente conhecidos os seus comboios a vapor .
O final da I Guerra Mundial e as consequentes alterações económicas e sociais daí resultantes foram determinantes para o desenvolvimento do automóvel. A produção em massa iniciada por Henry Ford, em 1913 e os métodos utilizados na fabricação de armamento entretanto aplicadas, começam a produzir os seus frutos.
Na década de 20, a indústria automóvel procura novos clientes nas classes mais abastadas, enquanto a produção em serie dos novos automóveis, originará a sua generalização como o meio de transporte ideal.
Em 1920, uma oficina de automóveis, um tanto ou quanto arranjada.
Numa época em que as provas de automóveis, gincanas, encontros de excursionismo e rampas escasseavam, um acontecimento fantástico ocorreu em Trás-os-Montes e revolucionou os meios automobilísticos nacionais.
1924, publicidade da Good Year acerca do Fiat 501 que acabava de dar a Volta a Portugal num percurso aproximado de 2734 Km.
Em 1925 no Coliseu dos Recreios de 5 a 13 de Julho de 1925 teve lugar o primeiro Salão Automóvel de Lisboa, que contou com a presença de todas as marcas automóveis existentes no mercado.
Fotografia do Diário de Noticias.
Entretanto, Chaves encontrava-se em festa e …
O Ministro do Comércio fazia a viagem de comboio na Linha do Corgo e o jornalista do Diário de Lisboa, afirmava “há cinco anos, Chaves dava-nos um aspecto duma terra adormecida, de vez em quando acordando para uma débil manifestação de progresso. Hoje, Chaves, transformou-se mas fê-lo de uma maneira radical, completa impressionante. Ruas novas, avenidas novas, prédios novos. Cinco anos apenas e Chaves de 1920 é outra.”
Entretanto o avião Nº 2 do C.E.A.R. da esquadrilha de Observações Nº 1, aterrou. Timonava-o o capitão Almeida que tinha como observador o tenente Sérgio.
As provas de Trás-os-Montes
As provas de Tráz-os-Montes,o Rallye Nacional de Automóveis, o Circuito de Tráz-os-Montes e o Concurso de Elegância, formam um conjunto de provas idealizadas por José Torres, um transmontano de Carrazeda de Montenegro, entusiasta do desporto automóvel e uma comissão local, coadjuvado por Oliveira Valença do Jornal Sporting, proporcionou aos seus conterrâneos, durante as festividades da sua ainda Vila de Chaves, uma original jornada de automobilismo.
Rallye Nacional de Automóveis
O denominado Rallye Nacional de Automóveis foi primeira prova do tipo rali da qual há registo, passou por Vila Real e terminou em Chaves.
Como a indicação de “rallye” ainda não era conhecida, a Imprensa da época esclarecia o rallye é nada mais, nada menos do que um passeio cronometrado, onde cada qual parte de onde quer e se encontra num ponto que é Chaves” e Vasco Calixto, continua no seu livro Primeiro Arranque “A concorrência, porem, não foi numerosa, não só por a prova ser uma novidade, como por a maioria dos volantes se querer guardar para o circuito”.
O primeiro rali realizado em Portugal foi então a 22 de Agosto de 1925, Os poucos concorrentes iniciaram o passeio cronometrado, com a partida dos locais por si escolhidos e depois de efectuarem o percurso de ligação a Chaves, concluíram a prova sem qualquer incidente de maior monta.
Foi uma prova de regularidade sendo a classificação apurada em função da distancia percorrida, numero de pessoas transportadas, peso do veiculo, força do motor e velocidade média.
O primeiro vencedor foi João de Almeida com um avanço de um ponto sobre Ernesto Correia em Studebaker.
O terceiro classificado, foi Artur Mimoso, acompanhado por Artur Santos, conduziu o seu Citroen Special, modelo por si desenvolvido a partir do modelo mais popular da Citroen, o 5 Cv e uma carroçaria mais aerodinâmica.
Classificação do Rallye Nacional de Automóveis
1º – João de Almeida Fiat
2º - Ernesto Correia Studebaker
3º - Artur Mimoso Citroen Especial
4º - Artur Santos Citroen
5º - Oscar Chambers Bugatti
6º - António Augusto Almeida Mercedes
O articulista do Domingo Ilustrado, refere que no Porto, uma prova de vela não se realizou devido a uma chuva miudinha que entretanto caiu. Mas também é verdade que num outro artigo intitulado “Sol ou Chuva” se afirma:
“Decididamente este Verão que atravessamos, saiu avariado do cadinho do velho Tempo, De dois em dois dias um sol de alagar, nos intervalos uma chuvinha antipática”
Mas na crónica de Chaves do Diário de Lisboa, encontramos “O tempo está esplêndido, magnifico, dias de sol, sem calor excessivo, manhas admiráveis e frescas, como só é possível , nestas abençoadas terras do norte.”
Circuito de Tráz-os-Montes
A 23 de Agosto realizou-se o 1º e único Circuito de Trás-os-Montes, com uma organização do Jornal do Sporting, encabeçada por José Torres e os seus amigos.
As estradas que ligavam Chaves Valpaços, Rio Torto, Eixos , Mirandela, Murça , Vila Real Vila Pouca de Aguiar Pedras Salgadas, Vidago e Chaves, foram arranjadas e preparadas para receber os velozes automóveis. O piso era em terra batida e o empedrado resumir-se-ia a partes das cidades e pouco mais.
Os responsáveis da Machado e Brandão, inscreveram Fernando Palhinhas com o Mercedes 10/40/65 HP especialmente preparado para as provas nacionais. Inicialmente adquirido em chassis, dispunha de um motor de quatro cilindros e uma cilindrada de 2,7 litros, foi carroçado em speedster, apenas com bancos para o piloto e passageiro e as rodas suplentes.
Depois de tomadas as devidas precauções, deu-se início à prova no meio de uma assistência curiosa e deslumbrada com aquelas máquinas que iriam percorrer tal distância, duas voltas num total de 370 quilómetros.
Imagens do Circuito de Trás-os-Montes
A passagem por Valpaços, 1925
Outro concorrente em Valpaços.
In Club de Historia da Escola Secundária de Valpaços
No Domingo e iniciou-se a partida às 9 horas da manhã, individualmente e os primeiros a sair foram os Salmson, por terem a menor cilindrada, e os restantes cada um, de cinco em cinco minutos.
Fernando Palhinhas ao volante do Mercedes, comandou a prova, enquanto Alfredo Batista voltou-se, quando lhe saíram os dois pneus da frente do Fiat,
O organizador, José Torres com o Lancia equipado a preceito, foi obrigado a abandonar em Valpaços e Ernesto Vasconcelos não chegou a Chaves. A prova prosseguiu com seis concorrentes, Sousa Nápoles José António Estêvão, não continuarem a prova.
Uma oportuna descoberta de Pedro Barros originária da sua colecção de postais.
Como não tem guarda-lamas e faróis parece o Lancia do principal organizador e também concorrente José Torres.
Fernando Palhinhas 1º classificado no Mercedes, carroçado em Portugal
O vencedor destacado foi o Mercedes de Fernando Palhinhas, com uma confortável vantagem sobre os Bugatti de Alfredo Marinho Júnior e Óscar Chambers .
Artur Mimoso, o vencedor da Rampa da Pimenteira e 2º no Quilometro de Arranque da Avenida da Liberdade com um Delage , ocuparam o 5 lugar com o Citroen Especial.
1º Fernando Palhinha Mercedes 10/40/65 HP
2º Alfredo Marinho Júnior Bugatti
3º Oscar Chambers Bugatti
4º Licínio Fernando Pereira Fiat
5º Artur Mimoso Citroen Special
6º Sebastião de Sousa Azevedo Turcat-Mery
Uma verdadeira preciosidade disponibilizada pela
Cinemateca Digital-Cinemateca Portugesa
http://www.cinemateca.pt/Cinemateca-Digital/Ficha.aspx?obraid=25237&type=Video
Câmara Municipal de Chaves - companhia produtora
A terminar esta magnifica jornada de automobilismo, o almejado Concurso de Elegância ao qual concorreram os automóveis que entretanto tinham participado nas provas automobilísticas, evidentemente depois de lavados e polidos.
O júri depois de reunido determinou os seguintes vencedores:
Categoria A
Mercedes 28/95PS de 1921 pertencente a Abílio Nunes dos Santos com carroçaria realizada em madeira.6 cilindros e 7280 cc.. Comprado a 12 de Fevereiro de 1921 por 41.280$000, foi o automóvel mais rápido no 1º Quilometro Arranque da Avenida da Liberdade, em 1922, com mais de 30 viaturas inscritas. Ainda se encontra em Portugal.
Categoria B
Mercedes de António Martinho
Categoria C
La Buire de José Marques Guimarães
Categoria D
Mc-Farlan de Tito Lívio Lopes
A Mc Farlan Motor Car Co, foi um pequeno construtor americano muito pretigiado, nos anos 20 era considerada a Rolls Royce americana esteve em actividade entre 1910-1928
A circulação automóvel ainda era feita pela esquerda e só seria modificada para a direita a 1 de Junho de 1928.
Saber mais
Domingo Ilustrado
Primeiro Arranque - Vasco Callisto
Circuito Internacional Anos 30
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