Magusto na Senhora de Lourdes - Monte da Virgem- Folhadela -Vila Real
Já lá vão alguns anos, ainda na Escola Primária, o nosso magusto era feito no dia de S Martinho ou, quando acontecia no Domingo, era antecipado. O seu anúncio era sempre recebido com muita alegria, pois era um dia que íamos passar ao ar livre e sem ter nada que estudar.
O local escolhido era sempre o santuário em honra da Senhora de Lourdes, naquela altura pertencente à freguesia de Folhadela.
A saltitar, trincando um trigo com marmelada e sem a pasta dos livros, mas com a lancheira e um saquinho de castanhas, eu e a minha irmã, íamos ter à Escola, na qual e naquele dia, podíamos brincar juntos, e não separados por aquele muro que nos dividia. Era uma escola novinha, estreada por nós, um belo edifício pertence ao Plano Centenário com aquela arquitectura típica, e da qual existe pelo menos um exemplar em quase todas as povoações do país. Com duas salas de aula, uma para meninos e outra para meninas, instalações sanitárias e um alpendre que servia de cozinha, onde se merendava e se brincava nos dias de chuva.
Deixávamos as instalações escolares, e no meio de enorme algazarra, lá íamos seguindo e brincando sob o olhar atento das professoras, que atentamente quando ouviam o motor de algum veículo motorizado que naquele momento pudesse por lá passar, nos mandavam encostar para a borda… - atenção para a borda, que aí vem um automóvel. Ordeiramente, encostávamo-nos a beira da estrada, às vezes caindo, e por vezes, empurrados pelos mais velhos e marotos, íamos às valetas. Entretanto procurávamos adivinhar a marca e o proprietário do veículo que passava. Eram tão poucos e tão raros que não era difícil adivinhar.
“ Um mais ronceiro e barrulhento, certamente seria o autotanque da Sacor ou da Mobil enquanto o camião era normalmente o do “Xastre”.
A chegada era saudada com entusiasmo, mas, pouco dava para brincar, imediatamente entravamos nas matas, (outrora limpas com muito cuidado para evitar os incêndios), à procura de lenha, de preferência seca e com pouco orvalho, proveniente dos ramos caídos dos pinheiros ou então dos pequenos arbustos, que escapavam à limpeza das matas, procurávamos as pinhas, próprias para acender mais facilmente a fogueira.
Em pouco tempo, formávamos um enorme monte de lenha, perante a alegria da pequenada, agora livre para poder brincar e jogar os seus jogos preferidos.
Uma enorme fumarada, precedia o início da fogueira que iria assar as desejadas castanhas trazidas por todos, cultivadas nos soutos de uns, ou encontravam caídas ao longo dos caminhos por outros.
Estoiros e saltos da pequenada, sobre o crepitar do lume, decorriam, enquanto se assavam as castanhas, que de vez em quando, explodiam, e eram projectadas para bem longe. Para terminar, era colocada uma camada de giestas que abafava e ajudava a assar as castanhas.
Chegada a hora, no meio de enorme alegria, todos procurávamos as deliciosas castanhas parcialmente escondidas na cinza, entre as brasas e tições que provocavam pequenas queimadelas, mas, nem mesmo assim, deixávamos de as disputar, entre alguns empurrões e umas tímidas trincas nas castanhas quentinhas, consolando-nos com tal pitéu.
As mãos já pretas por descascar as castanhas, faziam adivinhar o que muitos de nós sentiam vontade de fazer, sorrateiramente enferrotar as colegas e colegas que em sua defesa nos tentavam fazer o mesmo, enquanto outras, as mais tímidas, se agarravam as professoras entre inúmeros gritinhos como que a procurar salvaguardar a sua limpeza. A brincadeira continuava até ao regresso a casa, era o fim de um dia diferente e inesquecível.
Os anos foram passando e este dia sempre foi lembrado associada a uma lenda, a qual dizia que um soldado romano, mais tarde conhecido por Martinho de Tours, ao passar a cavalo por um mendigo quase nu, como não tinha nada para lhe dar, cortou a sua capa ao meio com a sua espada; estava um dia chuvoso e diz-se que, neste preciso momento, parou de chover, os raios de Sol inundaram a Terra de luz e calor e o bem tempo prolongou-se por cerca de três dias, derivando daí a expressão: "Verão de São Martinho"
Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a bênção dum sol quente e miraculoso." É o chamado Verão de São Martinho!
A verdade é que neste dia o sol sempre raiou, não choveu e não me lembro de nenhum magusto com mau tempo.
Passei por lá nesta época e não vi nada, será que toda a gente já consome as castanhas que encontramos à venda prontas a comer?
Espero que não, seria bom manter esta tradição.
A primeira vista do santuário inacabado
O antigo caminho
A entrada norte, por aqui entrava-se para o recinto
O local do magusto
O espaço exterior foi limpo, cortado todo o arvoredo, terraplanado o terreno, erguidos os muros em ruína e fechados os portões. Foi aranjado o telhado , o tecto da capela-mor ainda inacabado e a sacristia. As paredes foram pintadas, bem como as portas e as janelas e procedeu-se às obras mínimas de protecção do espaço sagrado, trabalhos iniciados em 2008 e presentemente suspensos por falta de verbas, conforme me informou a amável zeladora que propositadamente foi buscar a chava do edificio.
A aniversariante cá de casa, também me acompanhou para recordar este dia, porque as meninas do Colégio de S. José, também faziam aqui o seu magusto.
Coincidências do destino… há muitos anos atrás, apenas duas crianças, hoje, dois seres que a vida uniu.
A recordar tempos vividos há mais de cinquenta anos e a relenbrar os que já partiram...
A avenida que liga ao portão sul
Portão sul
Portão oeste
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