14 anos depois novamente o circuito de Vila Real
"No final dos anos vinte, surgiu a ideia de realizar corridas em Vila Real; Aureliano Barrigas teve a ideia e em conjunto com alguns outros vilarealenses, começaram a estudar a possibilidade de as integrar nas “Festas da Cidade”, o que viria a acontecer em 1931, depois de já se ter realizado dois anos antes em Trás-os-Montes, uma prova automobilística que ligava Vila Real, Chaves e Mirandela, num triângulo percorrido em três voltas.
No grupo que se juntou a Aureliano Barrigas, considerado por todos o fundador do circuito de Vila Real, destacavam-se Luís Taboada que na época era o representante local da marca Ford, o Presidente da Câmara da época Dr. Emídio Roque Silveira e Manuel Lopes Barrigas, pai de Aureliano que segundo os estudiosos deste assunto afirmam ser o cirurgião do Regimento de Infantaria 13, já então existente em Vila Real.
Em 15 de Junho de 1931 acontece então a primeira edição de um circuito que viria a ter várias épocas, face a diversas interrupções que foram acontecendo ao longo dos tempos, sempre por motivos diversos, mas nunca o “bichinho” dos motores abandonando os corações dos vilarealenses.
Com um perímetro de 7.150 metros, em piso de macadame, foram dez os concorrentes para aquela que viria a ser a primeira corrida realizada em Vila Real, num total de vinte voltas, sendo dessa forma concretizado o sonho de um “punhado” de homens que para além de gostarem dos automóveis, tinham obrigatoriamente que gostar muito da sua cidade, face às dificuldades que se lhe colocaram, principalmente financeiras, mas que não os fizeram desistir.
Gaspar Gameiro competindo num Ford A, foi o vencedor, daquele que seria o primeiro circuito de Vila Real, circuito que ao longo de oito décadas foi ficando na memória de muitos que por aqui foram passando, como pilotos, mecânicos, assistentes de box, jornalistas, organizadores, ou simplesmente como espectadores, mas que na sua maioria, sempre que existia um interregno, suspiravam pelo seu regresso à ribalta dos Campeonatos.
A partir daí o circuito organizou-se de forma regular até 1938 (inclusive), apenas falhando em 1935, tendo a partir de 1934 começado a ser integrada no seu programa, corridas de motos.
Nesta fase, nomes como Vasco Sameiro, Eduardo Ferreirinha, Gaspar Sameiro, António Guedes, Manoel de Oliveira e Fernando Palhinhas, entre tantos outros, foram tornando importante o traçado de Vila Real, tendo a participação de estrangeiros pela primeira vez, no ano de 1936, ano em que também o evento é dividido em duas partes, ou seja duas jornadas diferentes separadas mais ou menos por um mês, sendo que a primeira comporta corridas de motos e nos automóveis para a categoria “Sport”, ficando para a segunda jornada os automóveis da categoria de “Corrida”.
Em 1939 já não se realiza o circuito de Vila Real, a exemplo do que aconteceria por todo o mundo devido à Segunda Guerra Mundial, regressando-se à actividade em 1949, sendo esta a primeira corrida de velocidade, em circuito, que se realiza em Portugal, depois da Guerra.
Nesta altura os regulamentos são diferentes, como o eram os automóveis e as Classes em que se dividiam, para além de que também os Pilotos, eram quase na sua totalidade de uma nova geração que se iniciava neste desporto. È neste ano que o local, António Camilo Fernandes se inicia com Piloto, ao volante de Riley Sprite, ainda hoje propriedade da família; o carro, de dois lugares descapotável, tinha um motor de 1.496cc e era capaz de atingir os 135 km/h.
Nesta fase, o circuito apenas se realiza durante quatro anos, em virtude de as estradas utilizadas como traçado, serem sujeitas a intervenções demoradas que se foram arrastando no tempo, apenas sendo possível retomar as corridas em 1958, já com uma nova versão do traçado reduzido para 6.925m e a nova Ponte da Timpeira construída, para além de que agora já não se subir para a zona da Av. Almeida Lucena (junto ao Jardim da Carreira), tendo a Meta, que era naquela avenida, passado para a actual Av. 1 de Maio (frente ao parque florestal), pelo que após a ponte metálica, que já antes se utilizava, se virar à direita na curva que adquiriria o nome de “Curva da Salsicharia”, entrando-se numa nova recta com muito melhores condições para se efectuar os procedimentos de partida, mas foi uma edição isolada, para só termos de novo corridas em 1966, quando se formou a designada “Comissão Permanente do Circuito de Vila Real”.
De 66 a 73, as corridas foram organizadas por um grupo bastante consistente e influente na cidade, o que possibilitava pensar-se que seria um período para durar, mas a crise petrolífera de 73, dava mais uma “machadada” neste e noutros traçados, pois as competições automobilísticas seriam proibidas, em virtude de ser necessário racionar os combustíveis, estando mesmo encerrados os postos de abastecimento ao fim-de-semana.
Entrava-se na fase mais mítica e aquela que mais projectou Vila Real e o seu circuito além fronteiras; No ano de reactivação, realizou-se um conjunto de provas que não pontuaram para o recém-criado Campeonato Nacional de Velocidade, uma competição debaixo da alçada da Comissão Desportiva Nacional (ACP) que naquela época detinha o poder Federativo, essas provas foram de “Fórmula V”, “GT e Spor”, “Turismo” e “Fórmula 3”.
A partir daí começou uma verdadeira “febre” das corridas na região norte do país e Vila Real começava a ser considerado, não o melhor circuito português, mas um dos melhores da Europa.
Muitos foram os Pilotos e equipas que depois de participarem nas já então famosas “24H de Le Mans”, se metiam ao caminho com os seus camiões de assistência em direcção a Vila Real, pois começou a ser rotina para os Pilotos mais importantes da categoria “Sport e Protótipos”, passar por Vila Real, diziam eles que era um dos mais belos em termos de condução.
67 é o ano em que a estrela foi o Lola T70 Mk3 de Mike Grace de Udy, que efectuou uma corrida solitária, tal era a superioridade da sua máquina, predominando na grelha vários modelos Lótus, tendo a corrida de “Fórmula 3” sido a mais internacional, pois dos 27 participantes apenas dois eram portugueses, Carlos Gaspar e Joaquim Filipe Nogueira, tendo Gaspar sido o melhor, terminando a corrida na décima posição.
Nos anos que se seguiram e até 73, era ver as listas aumentar quer em número quer em qualidade de carros e Pilotos, tanto nas corridas nacionais como nas internacionais, passando a corrida de “Sport e Protótipos” a ser a cabeça de cartaz a partir de 69, tendo a “Fórmula 3” sido abandonada, chegando a fazer-se as “6horas de Vila Real” e os “500Km de Vila real” respectivamente em 69 e 70.
Nomes como Reine Wisell, Chris Craft, John Miles, Carlos Gaspar, Ernesto Neves, Nogueira Pinto, Mike Grace de Udy, Carlos Santos, “Nicha” Cabral, Chris Williams, Ronnie Peterson, M. Lopes Gião, António Barros, Giannone, David Piper, Paul Hawkins, David Walker, entre muitos, muitos, mas muitos outros, foram nomes que fizeram subir a fasquia do valor que o “nosso” circuito teve.
Em 1978, formou-se o designado “Grupo dos cinquenta”, grupo esse que foi formado para conseguir retomar as corridas, tendo nesse anos apenas realizado motos nacionais, tendo ainda sido desenvolvido todo o processo de legalização do “Clube Automóvel de Vila Real” junto das autoridades civis e federativas, tendo em 89 realizado já provas internacionais de motos e nacionais de automóveis.
Até 91 o circuito tinha mais um ciclo que passaria por realizar provas de automóveis nacionais e motos nacionais e internacionais, estas pontuáveis para os Campeonatos Europeus de Velocidade e Mundiais de TT.
Nos automóveis houve duelos interessantíssimos, protagonizados por nomes como, MANUEL FERNANDES, Pêquêpê, Ni Amorim, Mário Silva, António Rodrigues, António Barros, R. Giannone, Jorge Petiz, Joaquim Moutinho, António Carreira, Fernando Peres, Sidónio Cabanelas, isto só para citar alguns, pois muitos foram os momentos de felicidade de pilotos, público e organizadores.
No entanto a história do circuito também tem momentos tristes, entre os quais se encontram três acidentes, o primeiro protagonizado durante uma volta de aquecimento, quando dois carros se tocam em plena recta de Mateus e colhem mortalmente um colaborador do CAVR, o segundo quando durante um treino, o piloto Oswaldo Oliveira perde a vida na curva da passagem de nível de Abambres, devido a ataque súbito, despistando-se de seguida a viatura.
Por fim em 91, quando no final da descida, na esquerda da Araucária, um Gt Turbo se despista, passando por cima das redes e de algum público, colhendo mesmo assim alguns espectadores, provocando a morte em quatro deles".
In.
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