XVIII Circuito Internacional de Vila Real 1971
“A palavra circuito
Que é um circuito? Volta, rodeio, sucessão de fenómenos periódicos. Também pode entender-se muito simplesmente como uma circunferência – curva plana e fechada, com todos os pontos equidistantes dum ponto interior chamado centro. Ou percurso fechado por onde passa uma corrente eléctrica. Ou ainda, mais subtilmente: linha que limita inteiramente uma superfície, Mas isto não diz nada, ou pouco diz, porque vale o que valem as palavras armazenadas num dicionário, no silêncio das suas prateleiras. Puro rosto insignificativo. As palavras só significam realmente, articulando-se com outras palavras, valendo pois o que valeram os nexos que lhes atribuímos. Circuito é uma forma que em si nada significa, pois o que verdadeiramente significa é a relação que a palavra estabelece com outra ou outras no contesto frásico. Se eu disser circuito, ninguém fica a conhecer o meu pensamento, mas uma forma do meu pensamento; mas quando eu digo Circuito de Vila Real toda a gente me entende, pois a forma preencheu-se, animou-se, começou a viver.
Vamos mais longe; a palavra circuito é passível de múltiplos significados, funcionando como imagem daquilo que o homem livre e intencionalmente intender. Rimbaud dizia que para ser poeta trabalhava no sentido de se tornar vidente. Em cada um de nós habita um poeta, quando somos verdadeiramente videntes. Ninguém nos impedirá de ver um circuito no espaço ou no tempo, nas ervas do sol. Qualquer pessoa aceita que possamos imaginar um circuito no espaço como em qualquer das zonas que o compõem: um circuito azul ou um circuito de fogo, percorridos simplesmente pela sua cor ou por um ser tão estranho como a aranha da Poe. Não é tão fácil idealizar um circuito no tempo, a menos que voltemos ás velhas concepções gregas ou à teoria de Nietzsche sobre o eterno retorno. Se pensarmos, todavia, no ciclo ou circuito das quatro equações tudo se torna mais simples. Mas nas ervas do sol… O leitor já algum dia terá pensado nas ervas do sol? Toda a gente sabe que o sol não produz ervas. Mas por esse facto teremos que considerar absurda a expressão ervas do sol? Tenho aqui á minha frente um livro de poemas de Aimé Césaire que fala das «sementes azuis do fogo». Quase a mesma coisa.
Convença-se, amigo leitor, de que tem o direito de imaginar um circuito de automóveis, de flores ou qualquer outra coisa nas ervas do sol, «nas sementes azuis do fogo» ou onde muito bem entender, O circuito só existe verdadeiramente quando falamos nele. Pense nisto.”
António Cabral
In Livro das corridas de Vila Real 1971
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